França proíbe voos curtos, trens ganham preferência
Um decreto publicado nesta nesta terça-feira (23) pelo governo da França proíbe voos domésticos curtos no país visando o corte de emissões de gases estufa. A medida afeta todas as viagens que podem ser realizadas em menos de duas horas e meia por trem.
A decisão faz parte da lei francesa de resiliência climática, assinada em 2021, mas ainda não estava em vigor devido a um pedido das companhias aéreas de que a União Europeia verificasse a legalidade do ato. Na prática, o decreto vai extinguir os voos entre Paris e centros regionais como Nantes, Bordeaux e Lyon — conexões não serão afetadas.
Voos proibidos devem ser atendidos por viagens de trem de até duas horas e meia (Imagem: Alf van Beem/Wikimedia Commons)
Voos proibidos devem ser atendidos por viagens de trem de até duas horas e meia (Imagem: Alf van Beem/Wikimedia Commons)
Para que as rotas aéreas sejam substituídas, o decreto exige que o serviço por trilhos seja frequente, pontual e capaz de absorver a demanda. Os passageiros devem ainda ser capazes de fazer viagens de ida e volta no mesmo dia e passar oito horas no destino.
A medida tem como objetivo a redução da pegada de carbono do setor de aviação — a Agência Ambiental Europeia estima que a emissão de CO2 por passageiro seja 40 vezes maior em uma viagem de avião que em uma de trem.
Além do pedido de revisão da lei feito pelas companhias aéreas, a lei passou por críticas também por ambientalistas, que consideram a medida mais simbólica do que efetiva. Críticos ao projeto argumentam que estas rotas aéreas já estavam se esvaziando naturalmente e o governo francês poderia proibir voos cujo trajeto seria atendido por viagens de quatro horas sobre os trilhos.